Flutuações do vazio é isto o que somos e nada mais... Redes de pensamentos complexos que se enganam e se fixam numa falsa noção de identidade pessoal e separatividade.
Somos uma miríade de sonhos sonhados na mente de outro sonhador tão iludido quanto a nós próprios... Filhos de uma explosão espaço-temporal contingente, somos impulsionados ao infinito por delírios e fantasias de incontáveis matizes...
Nada há que nos possa matar pois que “nós” particularmente, não temos um propósito determinado... Nós somos o meio por meio do qual a dança da vida se expande eternamente em suas formas imaginativas.
Para muito além do bem e do mal ingenuamente concebidos, nós somos uma projeção. Figuramos nessa dimensão de captura percepcionista pela qual nos fazemos incessantemente. Nossa identidade é assim constituida daquilo que nos permitimos a conceber.
Passado, futuro, moralidade, consciência, vida e morte.. Nada disso faz muito sentido em se tratando daquilo que é: o fluxo perene da auto-criação imagética rumo ao imponderável.
A dor existente no mundo é a mesma dor existente desde todo o sempre. Os que subjulgam e os que se deixam subjulgar não teem diferença qualitativa perante o Multi-verso. Somos todos fantasmas oníricos em um sonho de liberdade.
Isto a que viemos a chamar de ‘natureza humana’ é tão irrelevante quanto a idéia que fazemos de nossos muitos deuses fabulosos. Lutamos por isto e por aquilo sem no entanto perceber que é isto mesmo o que nos fere e que nos atormenta.
Nosso mui precioso e já também entronado deus-pensamento é a um só tempo pais e mãe dessa tragi-comédia que sustentamos e enriquecemos no tempo.
Nos custa a realizar que todo o nosso conhecimento acumulado é a principal barreira entre o ser e a aparência do ser; entre aquilo que é e aquilo que imaginamos que seja. E é nesse delírio que prolongamos solidariamente nosso sofrimento auto-projecional.
Tornamo-nos tão complexos que esse frenético movimento de hoje é quase que insondável. Daí a razão de a maioria de nós perder-se em mil pensamentos e buscas, em mil projeções e hipóteses, sendo a mais arriscada de todas elas o desejo por uma suposta divindade.
Não me cabe dizer o que deve ou não deve ser. O que podemos ou não podemos fazer. Entretanto, certo é que quão mais longe nós formos tanto mais doloroso será o processo. Criações ilusórias não duram para sempre e quando esvanescem elas nos destruem.
De tudo o que há, portanto, e de tudo o que se possa querer ou imaginar, a única coisa que verdadeiramente persiste é aquilo que intencionamos. A realidade do mundo; a realidade de tudo.. É a do relativismo absoluto.
Nesse caso, só existe de fato aquilo que você quer que exista – inclusive a tua própria figura enquanto personagem da história. Assim, no momento em que firmares e disseres basta, por suposto terá fim toda a tua agoniosa existência.
L.J
25-7-10.
Essa é a real. Bom texto Léo.
ResponderExcluirMas, não vejo minha existência como agoniosa, vejo-a como um cubo mágico: um passatempo que requer paciencia, atenção e entusiasmo. Apesar de que entendo perfeitamente que para muitos a coisa acaba sendo assim. Penso que aqueles que participam do jogo da vida sem sentir agonia estão aqui justamente para ajudar os demais a deixar de sentir-la.
Namaste!
Gostei do seu texto L.J,apesar de ser um tanto complexo para mim,fora isso achei muito bom!!
ResponderExcluirParabéns pelas palavras,inteligentes, e pelo seu ponto de vista é incrivel !!
Lyh Sousa
Muito bem escrito o texto Leo. Realmente tens um estilo bacana.
ResponderExcluirNão concordo com alguns pontos, por exemplo acredito que acreditar na existência de algo superior, como ser ou como objetivos e leis é tão provável como achar que somos 'acidente de percurso'. Digo que não há provas para sim nem para o não, certo?
Mas é sempre bom discurtir e ver opiniões diferentes.
Alias, para diminuir o sofrimento inerente ao ser humano pela sua inutilidade visível creio que devemos adentrar ao jogo que nos é mposto. Ou seja, a sociedade. De modo que devemos viver por uma causa que julguemos louvável, no meu caso acho que esta é sempre próxima ao altruismo.
Abraços.
Magnífico, Léo! Magnífico!
ResponderExcluirOusaria completar, sobre nosso sofrimento, com uma frase de Paulo Mendes Campos:
"Aquilo que tens à mão é aquilo que te´prende, aquilo que possuís é o que te priva!"
Abraços!