sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Do Ceticismo Fiel



Não acredite demais na ciência, porque, querendo-se ou não, ela se limita a um universo espistemológico demasiadamente estreito. Igualmente, não acredite demais na sociedade, principalmente através de suas muito temerosas formas de mídia... Por certo, este tipo de crença é das mais deploráveis que existem.

Não acredite demais nas pessoas porque, em geral, elas tão pouco acreditam em si... O que de muito elas te podem acrescentar é um tanto mais de confusão e delírios sobre a verdade. Outrossim, não acredite demais nas religiões, uma vez que, via de regra, estas nos conduzem quase que irresistivelmente á fanatismos e crendices do passado.

Não acredite demais na tecnologia e todos os seus mágicos recursos. O máximo que ela nos pode garantir é um tanto mais de ilusão e novos mundos duplamente fictícios. De maneira semelhante, não acredite demais na cultura... O que esta nos tem a oferecer, de um modo geral, são entretenimentos de pouco valor que em quase nada nos enriquecem.

Não acredite demais, da mesma forma, naquilo muito em que acreditas... Nossa mente é sempre muito hábil em criar e sustentar alucinações que nos afastam do real. Assim, é altamente recomendável que não acredites sequer em si próprio, de sorte que esta crença nos obscurece a visão para aquilo que jaz presente desde sempre.

Também, não acredite na política e todas as suas falsas promessas de liberdade, igualdade e fraternidade. Este ambiente se resume a uma corja de demagogos (com raríssimas exceções) sempre em busca do maior poder para a realização de suas loucuras hedonistas. Ou esta crença nos dá náusea ou nos transforma em aspirantes á zumbi.

Não acredite, tão pouco, no amor da modernidade; este amor sem alma que tem petrificado os corações e reduzido os corpos a monturos químicos encharcados de fantasias do sensual. O único fanal desse lúgubre amor entre mortos é o de nos conduzir a ruína eterna pelo total sufocamento de nosso afeto e de nossa intuição.

Não acredite, enfim, em nenhuma forma de crença que não seja aquela que nos sustenta e nos exorta constantemente á não-crença. Isto porque, a partir do momento em que te fixares nisto ou naquilo, poderás te perder para sempre, sendo muito difícil o caminho de volta para aquilo mesmo que já és, mas que, curiosamente, você não percebe porque você acredita.

LJ. 15.10.10

6 comentários:

  1. Não acreditar é tirar do ser humano aquilo que o faz mover-se? Se é a fé naquilo em que ele acredita como sua verdade que o motiva a realizar? Não é acreditando no amor que ele ama? Na vida que ele vive? e acreditando na morte que o faz morrer? A motivação do homem é acreditar em alguma verdade, que seja esta a verdade somente dele, e ele a realiza, não seria tamanha ilusão não tentar acreditar em algo? já que temos o poder e a magia da fé, e manipulamos de acordo com esta fé aquilo que desejamos? Pensar no que estamos crendo, pensar sem se apegar em nossas crenças, e aí sim estarmos dispostos a mudá-las quantas vezes forem necessárias? È nisto que eu acredito!! Na transformação de nossa essência, ao passo comedido e constante do equilíbrio orgânico e na teoria da evolução que de forma inteligente, cíclica e lógica, caminhamos inevitavelmente para ela, seja qual for o caminho, a crença e o tempo que levamos? Gostei muito desta postagem, adoro mudar de verdades a toda a hora, construir novos castelos, saudações ecológicas...

    ResponderExcluir
  2. Que deleite! Tudo o que eu penso e tenho vontade de falar, mas não possuo a concisão necessária.
    Muito obrigada!

    Tomei a liberdade de por aos poucos no meu twitter (citando o teu blog, claro!)

    ResponderExcluir
  3. Lino Matheus de Sá Pereira15 de outubro de 2010 às 16:33

    Um belo e inspirado texto, Janz, que com sabedoria e clareza vem nos desvelar pensamentos que partilhamos, aprofundando-os.
    Seu trabalho de pensador tem importância redobrada nesse momento critico que atravessamos, onde a ética e a sensibilidade aos valores humanos e naturais desertaram.
    Que os jovens tenham acesso e orientação intelectual para ponderar, compreender e vivenciar suas mensagens !

    Saudações fraternais
    Lino Matheus

    ResponderExcluir
  4. Kara L. Janz,
    Mi vin gratulas pro tiu cxi bonega pagxo favore al racionala penso.
    Mi vin disdonigos pere de Twitter kaj ankaux en miaj blogoj.
    Brakumon,
    Sergio S.

    ResponderExcluir
  5. Olá, estou conhecendo o seu blog, gostei muito dos textos, da maneira como você compartilha suas ideias.

    Namastê

    ResponderExcluir
  6. Oi Janz!
    Gostei do tema abordado. Entendo que a não crença esteja muito próxima da fé pura sem dogmas e sem fanatismos e que o cetiscismo nos torna menos bitoladso e um pouco mais críticos para que possamos construir através de nossas próprias experiencias nossa própria verdade.
    Por isso é bom que cuidemos de não crer cegamente em tudo por que a fé cega nos aliena e nos faz perder nosso eu. Será que entendi??? Boa Tarde!

    ResponderExcluir

Deixe aqui seu comentário. Muito Obrigado!
*Responderei o mesmo assim q possível*