segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Hábitos do ego


A descoberta de Sidarta [Buda] sobre a falácia do “eu” é simbolizada na história da destruição de Mara. Tradicionalmente chamado de o senhor maligno do reino do desejo, Mara não é nenhum outro a não ser o apego de Sidarta ao “eu”.

É adequado que Mara seja retratado como um guerreiro bonito e poderoso que nunca foi derrotado. Como Mara, o “eu” é poderoso e voraz, egocêntrico e traiçoeiro, sedento por atenção, esperto e vaidoso. É difícil lembrar que, como a ilusão do anel de fogo, o “eu” é algo montado, não existe independentemente e é suscetível à mudança.

O hábito nos torna fracos contra o “eu”. Mesmo hábitos simples são difíceis de serem eliminados. [...]

Mas o hábito do eu não é um simples vício como fumar cigarros. Estamos viciados no eu desde tempos imemoriais. É como nos identificamos. É o que amamos com mais carinho. Também é o que odiamos mais duramente, às vezes. [...]

Quase tudo que fazemos, pensamos ou temos, incluindo nosso caminho espiritual, é um meio para auto-afirmar sua existência. É o eu que teme o fracasso e deseja o sucesso, teme o inferno e deseja o paraíso.

O eu tem nojo do sofrimento e ama as causas do sofrimento. Ele estupidamente trava guerras em nome da paz. Deseja a iluminação mas detesta o caminho para a iluminação. Deseja trabalhar como socialista mas vive como capitalista. Quando o eu sente-se só, deseja amizade. Sua possessividade em relação a quem ama se manifesta em paixão que pode levar à agressão.

Seus supostos inimigos — como caminhos espirituais arquitetados para derrotar o ego — frequentemente são corrompidos e cooptados como aliados do eu. Sua habilidade em jogar o jogo do engano é quase perfeita. Ele tece um casulo em torno de si como um bicho da seda, mas diferentemente do bicho da seda, não sabe como encontrar a saída.

Dzongsar Khyentse Rinpoche.

Fonte: http://samsara.blog.br/

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