quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Abrindo as relações – E aí?





Hoje em dia cada vez mais se tem falado e “discutido” alguns novos e polêmicos conceitos do campo amoroso, a exemplo dos relacionamento-aberto e do poliamor, entre outros. Quero tentar abordar estes dois (mesmo que de início, superficialmente) e em especial, por uma ótica ao mesmo tempo “espiritual” e pós-moderna – na linha mesma de que são.

São pós-modernos estes conceitos porque fogem mesmo dos padrões tradicionais a que estamos habituados; padrões que sempre operam via status-quo (as normas “corretas” do estabelecido). Quanto ao seu lado “espiritual”, mais no seu aspecto ético-psicológico, por assim dizer, temos que estender a "localização" e a “definição” das coisas.

As significações em voga fazem uma crucial diferença entre o primeiro e o segundo. Se “aberto”, um relacionamento ainda pressupõe a exclusividade afetiva, donde a concessão de um outro parece-nos limitar-se ao ato sexual, movido mais pela atração física do que por um envolvimento real (que contem visões de mundo e também o emocional).

O poliamor, por seu turno, prevê, assim, uma maior abertura (por um como que banimento da posse) na medida em que quebra a exclusividade sobre o parceiro(a) mesmo quanto ao nível do afeto. Mostra-se nos, pois, uma postura nitidamente de maior abrangência no quesito desprendimento de todas as partes.

Aprofundando as diferenças, com ênfase de nosso elemento “espiritual”, temos então que um qualquer par-vinculado (diferente de casal – por contrato de posse e de fidelidade eterna) tem um claro acordo de afetividade não-exclusiva; o que significa dizer que um e outro pode vir a ter mais de um envolvimento amoroso em simultâneo.

Agora; por que diz-se que é mais “espiritual” do que as uniões comuns de exclusividade? Primeiro, porque se baseiam na não-posse; segundo, num real carinho que une os pares (enquanto ele existe); terceiro, porque é mais honesto/franco e não-egoísta – no sentido de que os seres se atraem e se enamoram de muitos modos diferentes.

Portanto, nossa visão é a de que realmente parece se tratar de um amadurecimento sócio-cognitivo de nossa espécie. Além de ninguém ser mais propriedade exclusiva de ninguém (em todos os sentidos) agindo de modo aberto (também com menos egoísmo e fixações antiquadas) muito menos pessoas tendem a ficar sozinhas.

Você pode ter um relacionamento sério com A, um envolvimento afetivo com B e com C (sem que isso se constitua num crime ou em pecado) “quebrando” ou “elevando” de status a um e a outro, sempre na medida do amor e do carinho que se fazem manifestados pelos vínculos nascidos. Não há como não dizer que isso nos vira a cabeça. No que nos fica a reflexão e a pergunta.. “Pois é. E agora, José!?”



L. Janz, 4/9/12

3 comentários:

  1. Eu particularmente discordo de você Janz;como consegue-se amar duas pessoas ao mesmo tempo,relacionar-se com duas pessoas ao mesmo tempo?Para mim este tipo de relacionamentos é só p você não dizer estar só,pois amar vai muito além de gostar,n se consegue amar duas pessoas,ao menos pela minha maneira de ver e pensar,se vc tem a receita destas modernidades me diz como é,pois eu com certeza se não amar uma pessoa de verdade,prefiro estar só de que ter mas de uma pessoa só p não me sentir só...Como dizem sobre mim,conservadora antiquada,penso que sou da geração de meus avós,me sinto mesmo fora deste contexto e deste texto!!abços

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  2. Antes de tudo pensemos se realmente somos evoluídos ou se a evolução pensada não é um simples retrocesso ao instinto irracional animal.
    POLIAMOR...O nome é bonito, mas caberia melhor polirelacionamento. Aí sim cabem debates, rótulos, teorizações, racionalizações....sem Amor, tudo é possível pensar, mas sem ele, IMpossível sentir.
    Não é a toa que me mantenho sozinha, por opção, a tanto tempo. Também fico fora do texto, do contexto e do pretexto.
    Quem compactua com isso que consiga estar bem e desprendido e feliz nos braços e abraços do que amor lhes parece.

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  3. Para mim , isso não é aparigraha (desapego),e sim falta de respeito e amor próprio.
    A verdade que as pessoas são carentes ,e aceitam hoje esse tipo de relacionamento por que não sabem ficar sozinhas. Acredito também ,que quando a gente ama de verdade , de verdade mesmo , não existe sentir -se preso.
    O que acontece que muitos falam "eu te amo" mas ainda nem conseguiu amar a si próprio.

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