quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Obama e a mágica mudança

Comecemos pois pelo começo, “yes, we can”, o imponente slogan que levou tanta gente a singrar nas plácidas águas da renovação. “Sim, nós podemos!” Porem, será que todos se fizeram a pergunta que subjaz á afirmativa? “sim, nós podemos”; agora, podemos o quê? Quantos e quantos lideres mundiais, trabalhadores e jovens ao redor do mundo entusiasticamente aderiram ao clima de euforia imposto pelo invencível slogan e “sobre-humano” personagem?

Multidões e mais multidões sedentas por uma transformação verídica, de peso e de qualidade. Mas, não obstante a vitória esteja do lado menos conservador, o lado democrata, quanto aí pode haver de mera alternância de poder? Longe de mim duvidar da capacidade político-administrativa e articuladora do Sr. Obama; até porque, quem sou eu para tanto? Todavia, para além das fronteiras estadunidenses, quem dúvida que o paradigmático não irá governar senão para os Estados Unidos da América?

Fosse ele ou fosse o guerrilheiro Sr. Maccain, será que algumém chegou ao devaneio de supor que um ou outro fosse governar para o mundo? Tudo bem que agora pode-se ter a chance de mais diálogos e menos conflitos e invasões. Por certo teremos mais esperança com o novo eleito no timão do colosso USA. Entretanto, pondo de lado a euforia e o aspecto romântico do feito histórico, fosse o eleito negro, índio ou amarelo, o que podemos de fato esperar dessa nova era de regência estadunidense?

A ênfase no que se refere as duas principais crises para ambas as plataformas, fosse para a azul fosse para a vermelha, foi mais do que clara ao longo de todo o período: sistema financeiro e terrorismo. Ora, vendo por esse prisma e considerando-se ainda o real buraco que se abriu na economia domestica dos EUA, será que vai sobrar um qualquer espaço para questões ambientais e de interesse social?

De modo ainda mais ousado perguntamos: será de fato que o Sr. Barack Obama tem verdadeiro conhecimento do que seja e o que significam crescimento econômico e sustentabilidade? Eu sinceramente acredito que não, pois que, se assim fosse, de duas uma: ou ele seria um louco irreversível ou então seria um masoquista de primeira categoria.

Pouca gente sabe, mas, no fundo no fundo, a crise econômica mundial é boa e acredito que ela veio pra ficar. Obviamente que nenhum político em sã consciência há de concordar comigo e defender esta tese – daí a razão de meu ser filósofo e não político – pois que, se pomos a considerar a realidade de modo correto, e como tal, interdependente e sistêmica, sabemos da impossibilidade de coerência entre crescimento econômico e sustentabilidade.

Contudo, via de regra, o meio político, como tantos outros meios intelectuais, é demasiado teórico e inerentemente diplomático para evidenciar coisas do mundo real. Daí nossa paradoxal e cômica conclusão, para que não digamos trágica: a vitória de Obama, ao contrário de ser vantajosa para o mundo, é na verdade mais maléfica do que benéfica. Demorei a descobrir, mas na realidade, eu torcia mesmo é para o republicano...

Por que diabos isso, você há de perguntar. Isso é estúpido. E eu respondo: não não, meu amigo, isso é um fato. Com esse novo governo, verdadeiramente renovado, renovam-se igualmente as forças estadunidenses frente ao mundo; renovam-se tanto sua imagem quanto a sua liderança; revitalizam-se seus credos e mesmíssimos pressupostos. Mas não no sentido de transformados, e sim no sentido de revigorados apenas.

Por conseguinte, se a ordem do dia é a do crescimento e forte recuperação interna, logo, por inferência, não há como escaparmos do que muito que aí está implícito; ou seja: teremos mais desigualdades e disputas de poder, mais fome e mais misérias, mais degradação da natureza, e tudo isso em favor do sempre vigente e ‘insuperável’ sistema econômico mundial e política de consumo de massa.


L. Janz. – 10/11/08

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